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Leitores deste Blog já me escreveram dizendo que, por mais que queiram, não conseguem se separar de um parceiro violento, que usa álcool, drogas, joga de maneira compulsiva ou tem outros transtornos de personalidade. Esse problema tão comum tem um nome: co-dependência. Pode envolver irmãos, pais, filhos, mas é mais comum entre marido e mulher. Apesar de saber que o comportamento do outro afeta sua vida e até sua saúde, a pessoa é incapaz de impor limites e aceita permanecer por perto, encarando tal destino como uma missão ou uma obrigação.
Em um casal, o codependente vive em função do companheiro. Por se sentir responsável por ele, sua função na vida passa a ser cuidar e satisfazer os seus desejos. Esse comportamento vai deixando o outro cada vez mais dependente e irresponsável, incapaz de fazer qualquer coisa sozinho, tornando-se, no limite, um parasita controlador.
Há quem deixe isso acontecer simplesmente porque tem prazer em saber que alguém precisa de sua ajuda para tudo. Outros apenas querem evitar que o parceiro fique nervoso, buscam ter paz dentro de casa. Passadas as crises, fingem que nada aconteceu, negam o problema e agradam ainda mais a pessoa problemática, levando-a para passear, comprando-lhe presentes, deixando suas próprias atividades de lado para fazer-lhe companhia. Isso, porém, só faz estimular a reincidência no comportamento indesejado, que vira uma chantagem emocional para controlar o parceiro.
Agindo dessa forma, o codependente não só ajuda o outro a piorar, como torna-se autodestrutivo e restringe a própria vida. Deixa de conviver com a família e com os amigos e quase não sai de casa, pois nunca se sente tranquilo. É assim que começa a desenvolver problemas físicos como dores de cabeça, gastrite e até depressão.
Como resolver essa situação? Em primeiro lugar, não negando o problema e percebendo que ambos estão doentes, que se um tem um transtorno de comportamento o outro acabou se viciando em ser insubstituível, o que também faz mal aos dois. Em segundo lugar, parando de ceder às chantagens, cobrando a mudança (seja ela parar de beber, de usar drogas, de jogar, seja deixar de ser violento ou abandonar qualquer outro comportamento inconveniente). Para isso, é preciso aprender a dizer, quando a crise passar, algo assim: “Sei que você está doente e que é difícil mudar, mas eu não vou aturar isso. Precisamos que vá procurar ajuda e se tratar, pois de outra forma teremos de nos separar. Estou aqui para ajudar, mas não conte comigo para fingir que o problema não existe”.
No início, ele ou ela não vai levar a sério, mas se na primeira crise não houver ninguém na retaguarda, com medo de suas reações, verá que algo mudou e acabará aceitando que tem um problema, procurando ajuda. Como o codependente também precisa de tratamento, a terapia de casal pode ser de grande valia numa situação assim. Existem também grupos de apoio para codependentes, como existem para dependentes de álcool e drogas.
Engana-se quem pensa que está provando seu amor ao se dedicar incondicionalmente a quem tem problemas como os que citamos aqui. Isso não é amor. Quem ama ajuda o outro a ser independente, a ter vida própria e a procurar tratamento quando necessário.



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