por Tággidi Ribeiro
Li há alguns anos, em uma dessas revistas femininas que traz histórias de sofrimento e superação, um relato que me tocou profundamente. Era a história de uma mulher que havia encontrado seu amor. Ela e seu homem eram apaixonados um pelo outro, tinham uma convivência excelente, desejavam-se muito e eram ótimos amantes. Resolveram casar.
Tudo deu certo até o terceiro mês do casamento. A partir daí, o marido começou a distanciar-se sexualmente da esposa, até deixar de fazer sexo com ela. Continuou sendo um ótimo marido: carinhoso, gentil, compreensivo - uma ótima companhia. Nunca mais, contudo, quis de sua mulher algo além de amizade e companheirismo.
Essa esposa tentou de tudo: de jogos de sedução a conversas e brigas. Não teve de seu marido nada além de evasivas típicas: 'não há problema algum. Amo você', 'estou apenas cansado. A gente tenta depois'. O homem era sempre gentil, paciente, mesmo quando ela enlouquecia.
E ela enlouqueceu. Privada da satisfação do seu desejo sexual (a masturbação não era o suficiente) e incapaz de trair ou abandonar o marido especial que tinha, essa mulher entrou em depressão. Quase morreu. E iria morrer de culpa: ela não era boa o suficiente para aquele homem maravilhoso. Ela não conseguia deixar de querer sentir-se sexualmente desejável, ela não conseguia abrir mão do sexo a dois. Mas ela sabia, ela tinha certeza de que o que seu marido lhe proporcionava era muito mais importante do que alguns momentos de prazer algumas vezes por semana.
Essa mulher seguiu um caminho conhecido dos depressivos: terapia e remédios. Melhorou, decidiu se separar. Nessa da separação ela descobriu que o marido-anjo teve/tinha vários casos. Ele a fazia pensar que sexo não era importante, que ele não sentia falta, que ela não deveria sentir, que não era um problema casamento sem sexo. Mas ele a enganava.
Lembro que depois de ler essa história fiquei pensando sobre a vulnerabilidade de uma mulher (da gente), tão acostumada à obediência, ao sacrifício da própria felicidade em favor do outro, em nome do casamento, da estabilidade, da casa, da família - tudo isso que compõe uma espécie de ética feminina. Se o marido adoece, a mulher está lá para cuidar; se os filhos adoecem, ela está lá; se são os pais, idem. Quantos homens, contudo, vemos que cuidem de suas mulheres, filhos e pais em situações extremas e mesmo nas mais cotidianas? E quantos maridos continuariam casados - sem trair - com uma mulher que se recusa a fazer sexo com eles?
Pensei muito também sobre o quanto nós mulheres estamos acostumadas a deixar em segundo (terceiro, quarto) plano o sexo nas nossas vidas. Ensinam meninas a menosprezar o desejo sexual, a reprimi-lo e meninos a superestimá-lo e saciá-lo. Bem, alguma coisa só pode dar errado assim.
Sabendo que a falta de desejo sexual em geral sinaliza problemas; que a falta de satisfação sexual está na raiz de vários problemas e doenças; que não existem substitutos para o sexo, assim como não existem substitutos para o sono, não pude deixar de chegar a esta conclusão: mulheres, uma boa companhia não vale o sacrifício da sua felicidade sexual.
Parece perfeito |
Tudo deu certo até o terceiro mês do casamento. A partir daí, o marido começou a distanciar-se sexualmente da esposa, até deixar de fazer sexo com ela. Continuou sendo um ótimo marido: carinhoso, gentil, compreensivo - uma ótima companhia. Nunca mais, contudo, quis de sua mulher algo além de amizade e companheirismo.
Essa esposa tentou de tudo: de jogos de sedução a conversas e brigas. Não teve de seu marido nada além de evasivas típicas: 'não há problema algum. Amo você', 'estou apenas cansado. A gente tenta depois'. O homem era sempre gentil, paciente, mesmo quando ela enlouquecia.
E ela enlouqueceu. Privada da satisfação do seu desejo sexual (a masturbação não era o suficiente) e incapaz de trair ou abandonar o marido especial que tinha, essa mulher entrou em depressão. Quase morreu. E iria morrer de culpa: ela não era boa o suficiente para aquele homem maravilhoso. Ela não conseguia deixar de querer sentir-se sexualmente desejável, ela não conseguia abrir mão do sexo a dois. Mas ela sabia, ela tinha certeza de que o que seu marido lhe proporcionava era muito mais importante do que alguns momentos de prazer algumas vezes por semana.
Essa mulher seguiu um caminho conhecido dos depressivos: terapia e remédios. Melhorou, decidiu se separar. Nessa da separação ela descobriu que o marido-anjo teve/tinha vários casos. Ele a fazia pensar que sexo não era importante, que ele não sentia falta, que ela não deveria sentir, que não era um problema casamento sem sexo. Mas ele a enganava.
Lembro que depois de ler essa história fiquei pensando sobre a vulnerabilidade de uma mulher (da gente), tão acostumada à obediência, ao sacrifício da própria felicidade em favor do outro, em nome do casamento, da estabilidade, da casa, da família - tudo isso que compõe uma espécie de ética feminina. Se o marido adoece, a mulher está lá para cuidar; se os filhos adoecem, ela está lá; se são os pais, idem. Quantos homens, contudo, vemos que cuidem de suas mulheres, filhos e pais em situações extremas e mesmo nas mais cotidianas? E quantos maridos continuariam casados - sem trair - com uma mulher que se recusa a fazer sexo com eles?
Pensei muito também sobre o quanto nós mulheres estamos acostumadas a deixar em segundo (terceiro, quarto) plano o sexo nas nossas vidas. Ensinam meninas a menosprezar o desejo sexual, a reprimi-lo e meninos a superestimá-lo e saciá-lo. Bem, alguma coisa só pode dar errado assim.
Sabendo que a falta de desejo sexual em geral sinaliza problemas; que a falta de satisfação sexual está na raiz de vários problemas e doenças; que não existem substitutos para o sexo, assim como não existem substitutos para o sono, não pude deixar de chegar a esta conclusão: mulheres, uma boa companhia não vale o sacrifício da sua felicidade sexual.
Felizes? |
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