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Tenho 33 anos, estou separada há 6 anos e há quase quatro meses estou passando o constrangimento de ser a outra pessoa na vida do meu amor. Não é por não gostar de mim que entrei nessa, pelo contrário, nossos poucos momentos juntos são intensamente prazerosos e me satisfazem. 

O mais importante é que o sexo não está em primeiro lugar e só existe mesmo para complementar nossa relação. Vivemos nos ligando, estudamos na mesma faculdade e trocamos muitos segredos. Ele tem total confiança em mim e me confidencia tudo que se passa em sua vida profissional e pessoal, coisas que ele não fala para a sua esposa.

Apesar de parecer um relacionamento muito bom, sinto, muitas vezes, vontade de terminar. Lógico que passa pela minha cabeça a vontade de tê-lo só para mim (mas não de ser a sua esposa).

Ultimamente meu sentimento de amá-lo vem aumentando e tenho medo de continuar com esta situação. Não vivo alimentando a idéia de que um dia ele venha a se separar e ficar comigo, mas confesso que não sei que decisão tomar.

Hoje pode ser muito bom como está mas eu poderei sofrer muito e ficar sozinha depois. Apesar de não existir uma fórmula para este tipo de problema, gostaria de ouvir sugestões, baseadas nos depoimentos das outras pessoas. 



RESPOSTA:




Logo no início de sua carta, percebe-se o desconforto de estar vivendo o papel da “outra” na vida do homem que ama. Só isso já justifica a vontade que você menciona de terminar com esse relacionamento. Você até coloca que os momentos que vive com ele são de companheirismo, cumplicidade, amor, amizade e prazer. Você o ama e gostaria de ficar com ele. 

Acontece que quando a honestidade é um valor importante em nossas vidas, o sentimento de constrangimento por ter que esconder a verdade do que se vive, é inevitável.

Compreendo que esta sua vontade de tê-lo inteiro não esteja ligada à vontade de tornar-se a sua esposa, até porque vocês estão juntos há pouco tempo para um decisão desta natureza.

Com o seu amor por ele aumentando a cada dia, o desejo de viver uma relação plena – onde o amor possa ser expresso livremente – tende a aumentar. E como isso é uma impossibilidade neste momento, você precisa lidar com essa limitação. 

Você fala do seu medo de continuar esta relação. O medo é um sinal de atenção. Escute este sinal e olhe para dentro do seu coração e pergunte-se com toda sinceridade o que é fundamental para você neste momento.

Se não tiver certeza do que quer, não tome nenhuma decisão. Elabore a situação, perceba quais são os seus verdadeiros sentimentos, pergunte-se do que está disposta a abrir mão, o quanto pretende investir e o que pode esperar dessa relação no futuro. Quando tiver um pouco mais de clareza sobre o que você quer, compartilhe com ele.

Às vezes precisamos passar por certas experiências para aprender mais sobre nós mesmos. 

Você diz que ele se abre muito para você. E você, se abre para ele? Afinal, o relacionamento é a dois. Não deixe de mostrar seus sentimentos verdadeiros por medo de parecer o estar pressionando.

Não se tratam de cobranças, mas de deixar claro quais são as suas expectativas. Se você não colocar o que sente, pode ser que um dia a frustração se acumule e acabe extravasando de um modo inadequado. Esteja pronta para negociar, para ouví-lo e também para se expressar. Você merece um posicionamento dele. E se ele não puder dar a você o que você quer, faça a sua escolha, sem negar a realidade. 

É muito bom não alimentar expectativas para não sofrer depois com a desilusão. Ao mesmo tempo, não feche as portas antes de checar com o outro o que ele pensa. 

Viva o presente, que já é uma dádiva. Não sofra por antecipação. Você saberá cuidar bem de você. 

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