“O pior sexo é melhor do que nenhum sexo”, diriam os entusiastas. Há, como em toda falácia, algo de convincente nesta afirmação. Uma multidão de jovens - e nem tão jovens - solteiros, vagando pelas madrugadas com a mente focada na busca incansável da autogratificação pode ser a constatação disto.
A preocupação em ser atraente é grande: somos o segundo país em cirurgias plásticas; nossas roupas costumam ser muito caras e, normalmente, não são feitas para durar – e fazer-se notado parece ser mais o objetivo; bebe-se muito, nas noites, e estas parecem começar tarde e não ter fim; somos um povo vaidoso de sua sensualidade, nos achamos fogosos e queremos provar e comprovar isto com frequência. Parece certo dizer que o sucesso pessoal é traduzido em ter uma lista grande de pretendentes ou de conquistas. É, pode ser, mas não parece tão simples.
A beleza é uma forma de poder, um meio de conseguir coisas, abrir portas e se destacar. Comumente vemos gente sem muitos atributos em posição de destaque e a explicação é essa: o poder de sedução. A questão que fica é: será que esta beleza ou atratividade em algum momento se transforma em prazer real? Será que há uma relação direta e inexpugnável entre o poder de sedução e a capacidade de dar e sentir prazer? Este é o ponto para o qual chamo sua atenção: seduzir - ou conquistar - é um meio ou um fim? O que garante que aquilo que salta aos olhos se transformará em uma boa experiência?
Em busca do príncipe encantado a mulher encara a fila de sapos, reza o clichê. Homens parecem mais preocupados em não voltar pra casa “zerados”, e com isso traem até seus próprios critérios, diz o outro clichê. Com isso, as experiências ruins vão se acumulando. Claro que é justo e compreensível o sexo fácil, simples – se é que existe isso - ou a busca de satisfação dos desejos do corpo. A questão é que nem sempre isto acontece! Tudo o que toca o corpo, de alguma forma, toca também a alma. Pode ser inesquecível fazer sexo com alguém de quem nem sabemos o nome. Mas é preciso que exista um significado, um propósito, uma fantasia a ser realizada, qualquer sentido. Ou que não seja apenas rotina e solidão a dois. Ou bebida demais.
“Mulheres não sonham com o príncipe encantado; o sonho delas é comer e não engordar”, disse uma mulher com sabedoria. Conhecer o próprio corpo, a própria mente, e se permitir; mas também se poupar de experiências vazias pode ser um caminho, não acha?
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