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Vozinhas de bebê, apelidos gracinha, carícias o tempo inteiro... Entenda os mecanismos da paixão que levam alguns casais a ficarem com essas manias pegajosas, melosas, açucaradíssimas...

Assim que Pamonha e Bebelinho se conheceram, foram flechados pelo amor à primeira vista. Quer dizer, quando eles se encontraram Pamonha ainda não era Pamonha e Bebelinho não era Bebelinho. Eram, respectivamente, a pré-vestibulanda Amália Rossin, 18, e o estudante de química Cauê Cardeal, 19. O casal se encontrou há um ano e três meses, quando o colégio em que ela estudava em Sertãozinho, interior de São Paulo, visitou a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e Cauê apresentou o laboratório de química para ela.
Além dos apelidos fofos, que soam meio ridículos para quem está fora da bolha de uso exclusivo da dupla apaixonada, Amália e Cauê sucumbiram a outra mania típica dos casais adocicados: o linguajar de bebê. Para essa espécie de enamorados, não basta estar juntinho 24 horas por dia. É preciso chantilizar a relação com mensagens, músicas, desenhos, bichos de pelúcia, beijões em público etc. etc. etc.
Foi assim, numa adocicada regressão à infância, que nasceu o apelido de Cauê. Um dia ele estava com a franja na frente dos olhos e Amália mandou: "Tira o bebelinho [cabelinho] da frente dos olhos, amor". Ambos curtiram horrores a palavra. O nome pegou.
Pelo que dizem os especialistas em relacionamento, qualquer um pode cair nesse caldeirão de melaço. Basta a paixão brotar. "É uma reação esperada entre os apaixonados. O isolamento social vivenciado pelos casais é necessário para solidificar o vínculo amoroso. Todos que se apaixonam passam por isso, em maior ou menor intensidade", garante o terapeuta de casais Paulo Tessarioli. A própria Amália confessa que se irritava com os casais docinhos. "Eu pensava: 'Precisa ser tão meloso???'." E diz que acabou pegando essas manias porque acredita que tais artifícios aumentam sua demonstração de amor. "Faz parecer que o parceiro é mais amado."

A culpa é do cérebro

E as vozinhas de bebê, quem diria, também têm uma finalidade. Segundo o terapeuta Thiago de Almeida, ao falar como criança, os namorados despertam um no outro o instinto neotênico, a vontade de cuidar do outro como um pai (ou mãe) faz com um filho.
Quem já se apaixonou sabe que se afastar do ser amado no início da paixão pode causar reações emocionais e físicas semelhantes às de uma crise de abstinência. A ciência já provou que, nessa fase, somos praticamente dependentes do objeto da paixão, o que também explica o grude geral. De acordo com uma pesquisa feita por Cindy Hazan, da Universidade Cornell, de Nova York, três substâncias dominam o cérebro no início da paixão: dopamina, feniletilamina e ocitocina, responsáveis pela sensação de bem-estar e euforia.

Não dá para ficar longe

O estudante de jornalismo Leonardo Barreiros, 20, é exemplo acabado de que separar-se do seu amor, mesmo por um breve período, é uma tarefa heroica. Leonardo não larga do pé da namorada - a também estudante de jornalismo Nara Cabral, 18 - nem enquanto ela aprende inglês. Em janeiro, Nara fez um curso intensivo do idioma. Enquanto ela estudava em classe, ele ficava postado no porta, esperando pacientemente por ela durante três horas. Incômodo? Nada... Ambos adoram andar unidos.
Tem gente que até tenta manter o convívio social, mas a dedicação ao parceiro fala mais alto. Esse é o caso da estudante de engenharia civil Bárbara Osti, 24, e do artista plástico Eduardo Aguiar, 28 (foto). Eles passaram por um período de isolamento total, mas agora começam a sentir falta da civilização.
"Tanto eu quanto o Edu temos consciência de que não podemos viver longe do mundo, mas ainda não fizemos nada para reverter essa situação."
Tudo o que é meloso... enjoa. A professora Vanessa Bessa, 22, despachou o namorado grudento em menos de um mês. No breve período da relação, o superapaixonado lotou o Orkut dela com scraps que matariam qualquer diabético, de tão açucarados. "Aquilo me envergonhava... E ele adorava me beijar o tempo todo, em público. Um horror." Apesar da experiência ruim, Vanessa não descarta a possibilidade de viver um romance marcado pelo grude. "Ninguém está imune..."

Sintonia fina

Namorando há seis meses o empresário Fábio Grégio, 20, a promoter Raquel Oliveira, 27 (foto), admite que eles exageram no tempo juntos. "Não tive mais tempo para as minhas amigas. Até minha mãe reclama...", confessa Raquel. Para tentar conter os exageros de Fábio, a promoter participa de comunidades do tipo "Eu Odeio Homem Grudento" e procura dar liberdade ao parceiro para que ele faça o mesmo. Por enquanto, Fábio continua na cola. "Uma vez trabalhei a madrugada inteira. No outro dia, às oito da manhã, lá estava ele na minha porta. Fiquei feliz. Mas queria dormir mais."
O terapeuta Thiago de Almeida lembra que uma das consequências da paixão é a dificuldade de pensar de forma racional quando o assunto é o ser amado. "É comum o apaixonado só enxergar o parceiro. Tudo que ele faz é para agradar o outro."
Paulo Tessarioli acrescenta: "Cada casal tem um tempo para começar a se desgrudar". E um grude curto demais pode dificultar o estabelecimento do vínculo afetivo, gerando insegurança em um dos parceiros por não ter passado tempo suficiente com o outro para ter certeza de que é amado. Já um grude muito longo pode sufocar uma das partes, que passa a questionar o relacionamento por achar que não aproveitou a vida como deveria. Ou seja: no amor, até no grude, é preciso haver sintonia.

O meloso patológico

Um parceiro grudento demais - mas demais mesmo - pode virar um problemão. "É possível que um sujeito tenha uma demanda muito intensa em relação ao parceiro e que isso interfira negativamente na relação. Aí cabe a ele tentar entender o porquê da sua intensa necessidade do outro e ao parceiro, ajudá-lo a lidar com isso", diz a psicóloga Jacqueline Cavalcanti Chaves. Há também os grudentos crônicos. Esses também precisam descobrir a causa do seu problema - especialistas indicam terapia. "Muitas vezes agem assim para compensar algum tipo de carência", diz o terapeuta Thiago de Almeida. Em geral, o retrato falado de um melosão patológico tem este conjunto de traços: controlador, manipulador, dependente, inseguro, carente, ciumento (ainda que não demonstre ou o faça sob forma de zelo), ansioso.

FONTE:  abril.com.br


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