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Quando nos damos conta, nossa mente virou apenas um lugar para rodar YouTube, Facebook, ciúme, competição, ansiedade, reuniões sem sentido, antidepressivos e ansiolíticos, dispersão, torpor, pressa, tédio, publicidade, cobranças, devaneios, indiferença, preconceito, visões estreitas e newsletters sutis que assinamos sem querer, crenças, hábitos, scripts, empolgações e epifanias, ataques e defesas, spam, pensamentos e opiniões incessantes sobre tudo…


O que mais nos habita quando não estamos presentes?


Nossas ações foram compradas por aflições, enganos, monstros sem nome, entretenimentos, corporações. Fomos despejados, desapropriados de nossa vida.


Foto de Guillaume Bonn no Instagram @everydayafrica: "Onde eu estou? No Quênia, na Inglaterra ou nos Estados Unidos? A mono cultura mundial do consumismo está matando nossos valores e tradições..." Um processo similar acontece em nossa mente — que está cada vez mais colonizada

Foto de Guillaume Bonn no Instagram @everydayafrica: “Onde eu estou? No Quênia, na Inglaterra ou nos Estados Unidos? A mono cultura mundial do consumismo está matando nossos valores e tradições…” Um processo similar acontece em nossa mente — que está cada vez mais colonizada



Estamos terceirizando o que nos faz humanos


Perdemos nossa capacidade de transformação toda vez que deixamos que alguém nos diga como funciona nossa mente ao reduzi-la à química cerebral.


Somos desapropriadas do processo do parto natural não por culpa de algum médico ou hospital que força uma cirurgia com a mulher sedada, mas por toda uma cultura que nos faz olhar para as mulheres como incapazes de parir, tirando delas a oportunidade de passar por todo um processo interno riquíssimo.


Terceirizamos nossa alimentação quando paramos de cozinhar em casa, quando colocamos no carrinho uma embalagem com uma fruta fora e nenhuma fruta dentro, apenas xarope de milho rico em frutose e outras coisas que não são comida.


Terceirizamos a educação de nossos filhos — não porque os empurramos para escolas, psicoterapeutas, cursos extracurriculares; não porque seguimos livros de autoajuda e how-tos das revistas — quando acreditamos que somos incapazes de educar. Terceirizamos quando acreditamos que educação é um produto a ser adquirido, uma competência de especialistas, e não um processo único, comunitário, sem receita.


Somos desempoderados e desapropriados de nosso dinheiro, do trabalho, dos relacionamentos, dos nossos sonhos, do sexo, dos espaços públicos, do nosso corpo, do processo de adoecer e se curar, do processo de morrer, dos trabalhos braçais, do diálogo, da tecnologia, da política, da comunidade, da arte, do ritmo, da dança, do canto, da alegria…


Em todos esses exemplos, não há nenhum monstro externo (instituições, ideologias ou pessoas) que nos tire a potência. Nós é que delegamos, nos rebaixamos, nos desautorizamos. Portanto, a solução não é lutar contra algo, mas apenas reconhecer nossa potência sempre presente. Não é bater na cultura atual, mas reconhecê-la como resultado de um cultivo diário — e saber que podemos cultivar outra coisa.


Sofremos quando tentamos terceirizar o que nos faz humanos. Tudo bem deixar a produção de celulares com alguém, mas não o nosso coração.


Relatos de desapropriação


Para comprovar, conversei com algumas pessoas no fórum do lugar e também pessoalmente e por email, perguntando:”Onde, quando, em que processo e como você se sente desapropriado, desempoderado, impotente, manipulado, passivo?”.


Algumas das respostas:



“Em qualquer processo que me faça lidar com burocracia, inclusive os ligados à participação política. Quando mergulho num mar de procedimentos que não consigo entender e preciso delegar para um contador, um despachante, ou um vereador. Toda vez que iniciamos uma jornada de mudança (desde questionar processos administrativos da câmara até alterar um projeto de lei) me parece que passamos mais tempo olhando os possíveis entraves do que fazendo alguma mudança de fato.”


Camila Haddad





Link YouTube | Terceirizar dá nisso (claro, qualquer boa nutricionista vai estimular o empoderamento de seus pacientes, com certeza; o vídeo é só uma metáfora)



“Somos desapropriamos do nosso corpo quando entregamos às academias a função de dizer quais exercícios deveríamos fazer, quais músculos treinar e em qual sequência.


Das viagens, ao contratar empresas que preparam o cronograma, as atividades, os percursos, os passeios, as refeições e até mesmo os momentos de descanso.


Das construções ao contratar empreiteiros, pedreiros ou empresas, para fazer a nossa casa ou uma reforma. Em algumas cidades do interior ainda são comuns os mutirões – em que a vila toda ajuda na construção da nova casa.


“Maridos de aluguel” são uma forma sutil de desempoderamento da nossa capacidade de cuidar da nossa casa. Arrumar tomadas, trocar torneiras, consertar um cano, furar uma parede… tudo isso é possível aprender e fazer por conta própria sem grandes riscos.


Fomos desapropriados de contar nossas próprias histórias. A terceirização se dá, principalemente, por meio dos filmes e livros, em que alguem escolhe quais histórias contar e quais valores repassar. Os contadores de histórias são um belo exemplo do movimento contrário.”


Marcos Bauch




“Um dos maiores motores dessa nossa desapropriação de nós mesmos, paradoxalmente, é sermos tão indivíduos. A cultura que nos individualiza ao extremo, nos desconecta do comunitário, da rede e nos lança na terceirização eterna. Por exemplo, somos corpos medicalizados onde não se avalia a importância das relações no adoecimento, seja ele físico ou mental. Quanto mais nos tornamos indivíduos com privacidade, intimidade, territórios tão bem definidos, mais nos distanciamos de nós mesmos e de nos desapropriamos de nós que, somos nossas relações. A reapropriação passa por, entre outras coisas, um retorno ao comunitário, ao espaço livre de relações. A maioria dos problemas que vivemos hoje em dia tem a ver com nosso isolamento. Muitas pessoas me procuram no consultório e eu sinto que falta a elas a sensação de estar conectada, de pertencer.


Duas pessoas podem decidir se separar e a partir daí muitas vezes suas vidas são entregues nas mãos de advogados, psicólogos e outros profissionais que vão decidindo e dando rumos, muitas vezes sem consultar as pessoas e elas, por vezes, tão atordoadas, sentindo-se impotentes e ignorantes, não se dão conta disso. Às vezes isso acontece porque não conseguem conversar e daí, os profissionais assumem as decisões. Muitas vezes digo aos casais que atendo em divórcio: se vocês não conseguirem decidir, em acordo, alguém decidirá por vocês.


Mas, em outras situações, as pessoas simplesmente não acham que o que elas querem é válido, é factível e desistem rápido. Ou acham que os profissionais sabem mais do que eles e tem mais condições de decidir. Já recebi pessoas que me perguntavam se era “certo” não brigar, por que elas eram as únicas que achavam isso. Outras que se viam diante de ações tomadas por advogados das quais elas não tinham conhecimento, ou não avaliaram as consequências. Enfim, parece que a vida dessas pessoas passa a não ser mais delas e entra em uma roda viva de ações que elas deixam de ter qualquer apropriação. E, muitas vezes, meu trabalho é de tentar retornar a elas essa “propriedade” dos rumos de suas vidas.”


Rosana Rapizo




“A festa de aniversário de minha filha de 3 anos começou um mês antes com uma lista de coisas quebradas na casa que precisava arrumar, entre elas puxar toda uma iluminação no gramado do quintal. E com muita preguiça tive que abraçar a causa.


Uma amiga que ama cozinhar disse “O bolo é comigo”, depois minhas irmãs e a irmã da minha esposa deram mil ideias e colocaram a mão na massa para fazer a decoração.


Na véspera, tempo instável e a festa era toda ao ar livre. Pedi desesperadamente ideias por email para vários amigos que iam para a festa, talvez até mudar de lugar, mas um deles acampa profissionalmente com a familia toda e marcou comigo na tarde do sábado a instalação de uma lona gigante (“Fica tranquilo!”). Que legal o trabalho que fizemos, ficou profissa!


Sei que é algo muito simples, mas não faltaram conselhos do tipo “Que trabalheira, fecha com um buffet infantil”, e toda essa pegada terceirizante que esvazia o que imanta tudo de energia e torna o evento algo mais profundo, que é o preparo, o sonho, a mão na massa, o sentimento de aldeia quando os amigos e a família se envolvem na organização. Sensação de estar realmente oferecendo alguma coisa.


Fora que foram 40 convidados a um custo muito baixo, que era a motivação inicial: não gastar muito. Na festa fiquei só contemplando a mão de cada um que tinha ali. Se tivesse contratado um buffet, perderia o melhor da festa.


Recebi estímulos também para alugar brinquedos (pula pula, cama elástica, essas coisas). Nada contra, mas resistimos e apenas configuramos o layout para deixar meio quintal vazio e um slackline que tenho amarrado entre duas arvores. Era meia-noite e tinha criança chorando que não queria ir embora.


É engraçado como no começo de tudo surge mesmo um sentimento de incapacidade e preguiça: será que vai ficar bonito, legal, organizado, será que vamos dar conta? Parece um pensamento automático desses tempos, sem fundamento algum.”


—Denìlson Lacerda



Não, essa não é uma foto da festa relatada

Não, essa não é uma foto da festa relatada




“Somos privados da nossa própria capacidade de aprender, criando enormes sistemas de educação baseadas na dependência do aluno a um professor, método, instituição ou algo que o valha. Sendo desapropriados de nossa curiosidade natural e da nossa mente de principiante, a gente busca no mundo soluções rápidas e fáceis pra engordar o currículo e aprender sem aprender. Tomamos inteligência e sabedoria como qualidades não exatamente desejáveis (coisa de nerd, é melhor ser bonito e rico) e topamos viver emburrecidos e entorpecidos. Também privados da nossa capacidade de disciplina. A gente não consegue trabalhar de forma consistente pra mudar a longo prazo. Este ponto, especificamente, tem muito a ver com economia da nossa atenção.


Somos privados na nossa capacidade de inventar e imaginar coisas. A gente não enxerga muito mais do que o que já aparece ou é esfregado na nossa cara todos os dias, e tomamos aquilo que vemos como natural e inevitável. Repetimos tudo todo o dia não por escolha ou por eficiência, mas por falta de coisa melhor mesmo.”


Rafael Monteiro




“Essa coisa da desapropriação é muito forte. Sei que muitas das minhas “escolhas” na verdade foram para satisfazer um grupo que era importante para mim. Meu casamento, por exemplo: na verdade preferia ter apenas juntado os trapos, no máximo feito algum jantarzinho, ou algo do tipo, ao lado apenas das pessoas que realmente tinham acompanhado eu e meu marido até então. Mas, por pressão familiar, acabei casando na igreja, tendo uma festinha muito da chata da qual praticamente nada aproveitei e com vários convidados (parentes) que a tradição manda chamar. Isso sem falar que os gastos estavam acima daquilo com o qual podíamos arcar. Acho que era o medo da rejeição, de ser excluída de um grupo que, afinal, era o único importante que conhecia até então.”


Marta Melo



A palavra é re-a-pro-pri-a-ção


Na era das terceirizações e desempoderamentos, nunca foi tão importante resgatarmos, nos familiarizarmos, nos reapropriarmos dos processos mais básicos, do nascer ao morrer. É esse fio que liga movimentos e iniciativas como:



Mais do que participar de uma ou outra iniciativa dessas, precisamos descobrir o eixo em comum, o que nos une mesmo quando parece que não estamos fazendo a mesma coisa. Cada trabalhinho desse é na verdade um único trabalhão.


Sem esse olhar profundo que nos conecta, todas as iniciativas perdem força e ficamos sempre sem autonomia em alguma área, já que não temos tempo para tudo. Se descobrimos que estamos fazendo a mesma coisa, qualquer processo de reapropriação imediatamente se torna mais abrangente e transformador.


Marcos Bauch e Marília Santos em Brasília (o parto humanizado é apenas uma parte de um longo processo de empoderamento)

Marcos Bauch e Marília Santos em Brasília (o parto humanizado é apenas uma parte de um longo processo de empoderamento)



Qualquer grupo ou projeto que estimule algum empoderamento vai no mínimo fazer duas coisas: ajudar as pessoas a ter mais clareza sobre certo processo e a encontrar em si mesma recursos e qualidades para agir em tal âmbito. Portanto — e esse é um ponto muito ignorado — qualquer iniciativa de empoderamento certamente se beneficiaria de uma clareza sobre como funciona nossa mente, quais as dinâmicas internas que nos levam a trabalhar em rede, o que realmente traz benefícios e felicidade genuína aos outros, como praticar compaixão, como usar o silêncio para acessar espaços não condicionados de onde surgem inovação e criatividade…


Incontáveis palestras, vídeos, livros, métodos, how-tos servem para estimular essa reapropriação, mas infelizmente também podem servir para inibi-la. Pegue o tema “foco”, por exemplo: testamos um método de produtividade, depois piramos em um livro, depois sai uma nova pesquisa defendendo a procrastinação, e em nenhum momento a gente para e realmente investiga a própria mente, descobrindo as origens mais profundas da ansiedade, do torpor, da distração, das motivações equivocadas, da oscilação de ânimo.


Se delegamos nosso potencial de florescimento humano, se não desenvolvemos clareza sobre nosso mundo interno, se não pegamos a vida com as próprias mãos, é muito fácil sermos enganados e movidos por visões estreitas sobre como deveríamos nos relacionar, trabalhar, lidar com as emoções, educar as crianças, ganhar dinheiro, ser feliz, nascer, morrer… Tais visões estão por todo lado e não desenvolvemos suficiente imunidade contra elas — não temos filtro, eixo, e não temos direcionamento, autonomia.


De novo: o que nos habita, o que nos comanda quando não estamos presentes?


Como não ser desapropriado?


Vejo dois grandes obstáculos em qualquer processo de reapropriação e autonomia:


1) Nós não temos um instrumento refinado que poderia investigar nosso mundo interno em primeira pessoa: a própria mente. Precisamos de uma mente atenta, relaxada, clara, desperta, estável, mas tudo o que encontramos quando olhamos para dentro é o contrário disso. A maioria das pessoas não conhece sequer um método para refinar esse instrumento de instrospecção.


2) Falta linguagem consensual e falta espaço adequado para compartilharmos nossas descobertas mais profundas e aprendermos uns com os outros assim como rapidamente trocamos dicas de turismo.


O resultado: não confiamos em nós mesmos e não confiamos nos outros. Isolados, logo viramos presas fáceis de qualquer mecanismo manipulador, principalmente hoje em dia, pois estamos expostos a incontáveis estruturas alienantes que sem pedir licença chegam sugando nossa atenção, tempo, energia, e nos jogando uns contra os outros.


Não é teórica a urgência de nos apropriarmos, de ganharmos autonomia, de nos familiarizarmos com nosso mundo interno, de treinarmos, por trás de toda a agitação aparente, uma presença relaxada, estável, não reativa, serena, compassiva, lúdica, alegre, com visões e inteligências amplas a serviço dos outros. É muito difícil enganar uma mente assim!


A partir disso, qualquer ação, qualquer qualquer trabalho é naturalmente benéfico. Todas as relações são de parceria. Quando vivemos assim, a favor de todos, não há ninguém contra nós. Nossa presença se torna um constante lembrete a qualquer um que se aproximar: de que é possível pegar a vida com as mãos e passar pelas experiências tanta terceirização.




Link YouTube | “As aldeias não necessitam ser locais físicos, mas elas são uma forma pela qual as pessoas se juntam e se ajudam, e há muitos exemplos no planeta inteiro ligados a isso. Eu gosto também dessa perspectivas das comunidades, dos grupos humanos se estabelecendo com novas tecnologias, nova forma de lidar com alimentação, com a saúde, novas formas econômicas de relação, nova arquitetura…” —Lama Padma Samten


Nosso trabalho é diferente e igual


Um rascunho do texto acima acima surgiu quando montamos um dos informativos abertos que enviamos por email para cerca de 8 mil pessoas interessadas (algumas estão no lugar e participam, outras só acompanhem mais de longe). Depois abrimos o texto no fórum, conversamos intensamente e agora agradeço às seguintes pessoas pela versão final do texto: Isabella Ianelli, Daniel Larusso, Camila Haddad, Rosana Rapizo, Marcos Bauch, Janine Gonzaga, Denìlson Lacerda, Marco Tulio Pires e Rafael Monteiro.


Essa é uma das várias conversas que gostaríamos de abrir com a motivação de descrever processos que estão por trás de praticamente todos os caminhos de transformação, para ajudar pessoas de diferentes mundos e linguagens a se comunicarem melhor e para que a gente perceba que estamos todos no mesmo barco, tentando fazer a mesma coisa e enfrentando obstáculos idênticos (o que incrivelmente é uma percepção rara hoje em dia). Talvez assim comecemos a sonhar mais coletivamente, enxergando necessidades mais profundas e de mais pessoas ao criar projetos, ao agir no mundo.


Apostamos em encontrar olhares mais profundos para conectar pessoas e organizações que de outro modo dificilmente se reconheceriam como parceiras. A conversa sobre reapropriação pode acontecer entre a turma da Escola de Dados e a turma da maternidade ativa, por exemplo. Desse modo, fica mais claro que não estamos falando nem de parto natural e nem de big data.


Sem essa clareza, muitas das conversas se perdem nos detalhes. Com essa clareza, mesmo uma conversa apenas sobre, sei lá, cozinhar em casa, mesmo isso ganha um sentido bem mais profundo.


Visualizamos também nossos próprios trabalhos, mesmo aqueles que parecem mais específicos e restritos, ganhando mais sentido ao reconhecermos neles esse processo. Encontramos muita gente meio desanimada com sua ação no mundo. Talvez não seja um problema do trabalho, mas a ausência desse olhar profundo e que nos conecta ao evidenciar cada trabalhinho como sendo na verdade um único trabalhão.


A conversa segue abaixo nos comentários.


Como parar de terceirizar a nossa transformação?


Cortar industrializados e voltar a comer comida de verdade não é tão difícil quanto nos reapropriarmos de nossa própria mente, algo que delegamos para neurocientistas, psicólogos, pseudo gurus nova era e religiosos.


No próximo texto dessa coluna (publicado no primeiro domingo do mês), vamos enfim falar do trabalho sujo: como podemos nos reapropriar das práticas transformadoras para além dos extremos do cientismo, da espiritualidade secular e da religião? Que tipo de práticas são essas? E como saber o que realmente é transformar?




por Gustavo Gitti





















Fonte: Fomos desapropriados de nossas vidas | Como a gente se transforma? #2»

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