O dia nasce macio, em um cinza esmaecido que entra pelas frestas da janela.
Com os olhos semicerrados, ele estica o braço para a direita e tateia em busca da Polaroid estrategicamente esquecida num canto do criado mudo. Enquanto ela calça os sapatos e a janela oposta revela a transparência da saia azul, a máquina dispara.
Se o francês Benjamin Cosson fizesse um diário sobre as experiências que emanam de suas fotos, cada clique responderia pela fantasia de um conto. As linhas dos corpos, as transparências, os reflexos, as composições e os cortes abruptos, que raramente revelam um rosto, são a manifestação física de duas emoções que andam juntas em suas imagens: a suavidade dos amores idílicos e o apreço pelas quase-extintas Polaroids.
Em um tempo em que a fotografia digital permite realizar de tudo, ele escolheu o imprevisível que os filmes muitas vezes vencidos de uma Polaroid SX-70 entregam. Em um post no tumblr que mantém, ele explica o porquê:
Por que eu me apaixonei.
Eu também fui laçado. Mas, no meu caso, foi pela vontade de inventar uma manhã para cada uma das fotos desse post.
por Ismael dos Anjos
Fonte: Bom dia, Benjamin Cosson»
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