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Casais que planejam a união duram mais juntos do que os que simplesmente deixam a inércia arrastá-los para as grandes transições de vida, diz pesquisa
Você tem um casamento determinado? Novas pesquisas revelam que o nível de questionamento com que os casais tomam decisões pode ter um efeito duradouro na qualidade dos relacionamentos amorosos. Os casais que são determinados antes do casamento – intencionalmente caracterizando os seus relacionamentos, indo morar juntos e planejando uma festa – parecem ter um casamento melhor do que os casais que simplesmente deixam a inércia arrastá-los pelas grandes transições.
"É importante tomar decisões e dialogar com os parceiros", disse Galena K. Rhoades, pesquisadora de relacionamentos da Universidade de Denver e coautora do estudo.
"Quando você toma uma decisão intencional, você tem mais probabilidade de cumpri-la".
Embora a descoberta possa parecer óbvia, a realidade é que muitos casais evitam o verdadeiro processo de decisões. Muitos casais que moram juntos, por exemplo, não pararam para conversar sobre o assunto. Muitas vezes, um dos parceiros começou a passar mais tempo na casa do outro, ou um contrato de aluguel expirou, forçando o casal a formalizar um acordo de moradia.
"Os casais que são levados pelas transições do relacionamento têm menor qualidade matrimonial do que os casais que tomam decisões intencionais sobre etapas importantes da vida a dois", escreveram Rhoades e seus colegas.
A pesquisa tem origem em um estudo que começou com 1.000 adultos jovens com idades entre 18 a 34 anos recrutados para o Estudo de Desenvolvimento dos Relacionamentos em 2007 e 2008. Nos cinco anos seguintes, 418 dos participantes do estudo se casaram, oferecendo aos pesquisadores uma visão das vidas e dos processos de decisão dos casais antes e depois do casamento.
Os pesquisadores coletaram dados das experiências amorosas anteriores, como por exemplo, se o relacionamento começou com uma "relação amorosa" de forma casual, se o casal teve uma festa de casamento grande ou pequena, e qual era a qualidade geral do casamento.
De forma considerável, eles descobriram que as decisões e experiências com outros parceiros antes do casamento tinham um efeito duradouro no relacionamento. No grupo de estudo, a maioria das pessoas teve relações sexuais antes do casamento, relatando uma média de cinco parceiros sexuais. Mas 23% tiveram apenas um parceiro sexual, o seu respectivo cônjuge. Essas pessoas relataram maior qualidade no casamento do que as pessoas que tiveram vários parceiros sexuais.
Aqueles que moraram com outra pessoa antes de se casarem também relataram um relacionamento de menor qualidade. Nesse grupo, 35% tiveram casamentos de qualidade superior. Entre aqueles que não haviam morado com outro par romântico antes do casamento, 42% tiveram casamentos de qualidade superior.
A descoberta é um contrassenso, considerando que a experiência de lidar com os relacionamentos deveria deixar a pessoa melhor preparada para gerenciar os conflitos e sustentar um casamento. Contudo, a antiga experiência amorosa também pode ser um lembrete de que existem outras opções.
"A experiência prévia em relacionamentos deixa algum tipo de sinal de que podemos avançar", Rhoades disse. "Comparamos os novos parceiros com os antigos".
No estudo, ter uma grande festa de casamento também foi relacionado a um casamento mais sólido. Nem todos conseguem pagar por uma grande festa de casamento, é claro, mas a descoberta se sustentou mesmo após os pesquisadores ajustarem as diferenças de renda.
Pode ser que os casais que planejam grandes festas de casamento tenham mais apoio dos familiares e dos amigos, dois elementos positivos para um casamento. Mas as discussões e as decisões que entram no planejamento de um evento tão grande também podem ser um sinal de que os casais tomaram a decisão de forma consciente.
Os casais que começaram com um relacionamento sexual casual tiveram menor probabilidade de ter um casamento de alta qualidade. Entre esses casais, 36% tiveram casamentos de alta qualidade, comparados a 42% dos casais que disseram que não transaram antes do namoro.
A maioria dos casais do estudo que morou junto antes do casamento disse que conversou ativamente sobre a decisão. Contudo, 37% disseram que a coabitação foi algo que "simplesmente aconteceu" com eles. Geralmente, os casais no primeiro grupo tinham melhores casamentos do que os casais no segundo.
"Ser levado pelas transições que alteram a vida produz um resultado pior", disse Scott Stanley, professor de pesquisa da Universidade de Denver e coautor do novo estudo.
Stanley disse que muitos casais acabam sendo arrastados pelas grandes decisões – em vez de tomá-las – como uma forma de evitar "a conversa" que ajuda a definir um relacionamento e um comprometimento a dois.
"Os relacionamentos hoje são muito mais incertos", disse Stanley, que escreve em um blog sobre relacionamentos para a revista Psicologia Hoje.
"Se você definir as coisas, corre o risco de separação. Talvez você não queira realmente saber qual o nível de comprometimento, e sente que é mais seguro não ter a conversa".
Em nossa cultura, muitos casais passam muito tempo juntos e fazem sexo, porém, não conseguem caracterizar a própria situação. Stanley ressaltou que a primeira "conversa" que os casais precisam ter é responder à pergunta, "É namoro?".
"As pessoas não têm clareza nem mesmo sobre o que é namoro hoje, sobre o que não é namoro, e sobre quais são as regras", disse Stanley.
Os autores do estudo salientam que os dados simplesmente mostram associações entre as experiências passadas, o processo de decisão e a qualidade do relacionamento, e alertam que o número de variáveis pode influenciar um casamento. Uma pessoa que teve vários parceiros sexuais e uma festa de casamento pequena não necessariamente vai ter um péssimo casamento.
A lição maior do estudo, segundo os autores, é de que os casais deveriam tomar decisões mais ativas sobre os seus relacionamentos e sobre os importantes acontecimentos da vida, em vez de se deixarem levar ano após ano. Demonstrar a intenção de alguma forma – desde o planejamento do primeiro encontro a morar juntos, a festa de casamento e além – pode ajudar a melhorar a qualidade geral de um casamento.
"No nível individual, saiba quem você é, e com o que você se identifica, e tome decisões quando é preciso, em vez de deixar as coisas acontecerem", declarou Stanley.
"Uma vez que vocês formam um casal, façam a mesma coisa em relação ao modo em que abordam as transições importantes no relacionamento".
* Por Tara Parker-Pope
Fonte: Quer um casamento duradouro? Tome decisões!»
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