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Seguidores do americano o acusaram de estimular a pornografia infantil; no Brasil, revista faz editorial de moda com crianças e desperta ira de internautas
Para as crianças, o mundo é um lugar livre de malícia. Elas posam para as fotos sem qualquer constrangimento ou preocupação, alheias aos perigos que existem por trás da exposição. Como fica a mediação dos adultos nesses casos? O caminho é proteger ou estimular uma discussão livre de tabus?
Esse foi o questionamento pelo qual o fotógrafo americano Wyatt Neumann passou após publicar um ensaio com a filha Stella, de apenas dois anos. Durante uma viagem, o pai aproveitou para a menina do jeito mais natural possível, muitas vezes usando só roupas íntimas.
Para Wyatt, esse trabalho simbolizou a pureza da filha, nada mais. Seus seguidores nas redes sociais não pensaram da mesma maneira. Assim que as fotos foram publicadas, ele recebeu numerosas críticas, que associaram o ensaio de Stella à pornografia infantil.
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“Sinto muito pelas suas crianças”, “você é doente”, “que pai nojento” e “suas fotos são perturbadoras” foram alguns dos comentários que Wyatt leu antes que seu perfil no Facebook e a conta no Instagram fossem temporariamente bloqueados.
“Compreendi que essas pessoas realmente têm a capacidade de afetar minha liberdade de expressão. Elas derrubaram as minhas redes sociais, comprometendo minha comunicação com o mundo. Esse controle sobre a minha experiência de vida me fez querer revidar, de alguma maneira. Eu realmente acredito que esse trabalho com a Stella é lindo e revela a inocência da infância”, explicou ele em entrevista ao site Huffington Post.
Em vez de despublicar as fotos, Wyatt preferiu ir além e criou a exposição “I FEEL SORRY FOR YOUR CHILDREN – The Sexualization of Innocence in America” (“Eu sinto muito pelas suas crianças – A sexualização da inocência na América”, em português), na Galeria Safari, em Nova York.
Editorial polêmico
Esse mesmo debate foi levantado no Brasil, após a publicação da edição de setembro da revista Vogue Kids. Nela, duas meninas aparecem em um editorial de moda com roupas de verão e poses que lembrariam mulheres adultas.
Rapidamente, mães e especialistas repercutiram as imagens nas redes sociais, afirmando que o editorial em questão reforça a sexualização precoce das crianças. Já existe uma mobilização para que a revista seja acionada pelo Ministério Público e denunciada por instituições de defesa da criança e do adolescente.
“Quando pensamos em pedofilia, imaginamos alguém escondido atrás de um computador. Mas não falamos de uma cultura que está exposta diariamente. Enquanto tratarmos nossas crianças dessa maneira, pedofilia não será um problema individual de um 'tarado' hipotético, e sim um problema coletivo, de uma sociedade que comercializa sem pudor o corpo de nossas meninas e meninos”, escreveu Renata Corrêa, uma das mães que publicou uma nota de repúdio direcionada à Vogue Kids, em um post no Facebook.
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