Fátima Protti
Problema interfere diretamente na libido de homens e mulheres. Sexóloga dá dicas para enfrentar essa situação
“Há seis meses namoro um homem dez anos mais velho e ele está acometido de depressão. Já teve síndrome de pânico no passado e isso também interfere na condição física dele. Nós nos damos muito bem, amo conversar e abraçar, contudo nossas relações sexuais acabaram a pedido dele. Por um tempo respeitei, mas ele não para de falar que morre de vontade de fazermos amor de novo. Agora que estou mais carinhosa, ele vem me rejeitando e me repelindo, mal sabe que, ao ser tocada, fico toda excitada. Não sei como ajudá-lo e nem se estou num relacionamento que pode me machucar muito. Você pode me auxiliar?”
Cara leitora: não entendi quando diz que seu namorado tem problemas físicos decorrente do transtorno de pânico. Mas, sabe-se que 60% das pessoas que sofrem em longo prazo desse transtorno, apresentam depressão.
A depressão interfere diretamente na libido. A autoestima fica comprometida, surge perda de energia, de interesse por pessoas e atividades em geral, incluindo o sexo. Nessas condições, a pessoa não consegue sentir motivação e prazer em nada que está em volta.
Algumas medicações usadas para o tratamento da depressão, principalmente os antidepressivos que aumentam a serotonina no cérebro, levam à ausência ou à diminuição do desejo sexual. Em outros casos, as medicações podem dificultar a ocorrência do orgasmo e a ejaculação.
Enfim, o sexo exige disposição física e psíquica. Além disso, durante a prática sexual principalmente, ao se aproximar do orgasmo, algumas sensações como taquicardia e sudorese, são semelhantes aos sintomas ocorridos no transtorno de pânico podendo provocar um comportamento evitativo.
Segundo seu relato, o comportamento evitativo do seu namorado aparece assim que você se mostra carinhosa, ou seja, quando sinaliza a possibilidade de uma maior intimidade. Essa atitude mostra que ele não tem motivação alguma para o sexo, seja pelo quadro depressivo ou para evitar sensações que reconhece como semelhantes das crises de pânico, deixando-o inseguro ou temeroso. Somente um tratamento adequado com medicação e terapia pode ajudá-lo a sair desse quadro depressivo.
Quanto às suas chances de se machucar isso está diretamente associado ao tempo e a possibilidade ou não de recuperação, exigindo de você uma espera sem certeza alguma. Pense nisso!
* Fátima Protti é psicóloga, terapeuta sexual e de casal. Pós-graduada pela USP e autora do livro "Vaginismo, quem cala nem sempre consente". Escreva para a colunista: delas_amoresexo@ig.com.br.
Fonte: “A depressão dele acabou com o nosso sexo”»
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