Giovanna Tavares
Mentir, criticar em excesso e subestimar a compreensão dos filhos são atitudes que limitam o desenvolvimento infantil
Livros, fóruns, grupos de discussão e a própria internet. Essas são apenas algumas das ferramentas disponíveis para que os pais de primeira viagem se familiarizem com a nova fase. Mesmo seguindo e decorando todas as dicas para criar os filhos da melhor forma possível, é inevitável adquirir alguns hábitos negativos depois do nascimento do bebê.
>> Veja hábitos que os pais precisam evitar:
Superproteção: é normal se preocupar com o bebê, mas tudo tem limite. Cair e se machucar não é coisa de outro mundo. Quanto maior a superproteção, maior a angústia dos pais
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Centro de tudo: o bebê representa um novo marco na vida do casal, mas existem outros setores igualmente importantes. A relação a dois não pode ser deixada de lado
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Mimo: nem tudo pode ser resolvido com barganha e mimo em excesso com os filhos. Pelo contrário, essa postura pode deixá-lo autoritários
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Mentir: estimular fantasias é uma coisa, mentir é outra. Não é preciso subestimar a capacidade de compreensão da criança. Uma postura honesta favorece o amadurecimento
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Conexão 24h: estar conectado o tempo todo e por dentro de tudo o que acontece nas redes sociais não é tão legal quanto acompanhar o bebê crescendo. Que tal desligar um pouco?
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Críticas: alguns comportamentos infantis devem ser corrigidos pelos adultos, mas sempre com carinho e respeito. Criticar por criticar deixa a criança vulnerável e infeliz
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Está tudo bem: para proteger os filhos, pais recorrem ao ‘está tudo bem’ para mascarar problemas em casa. Essa postura favorece o distanciamento emocional da família
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Falta de carinho: um simples afago ou reconhecimento das qualidades dos pequenos já faz toda a diferença. O distanciamento emocional causa problemas como depressão
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Faltar às refeições: não é preciso fazer todas ao lado dos filhos, mas reservar um tempo na agenda para estar com os pequenos em uma delas, no café, por exemplo, é positivo
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Perfeição: os próprios pais ficam mais ansiosos e irritados quando cobram tanta perfeição dos filhos. Esses, por sua vez, ficam cada vez mais inseguros, tentando agradar os adultos
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Culpa: criar um filho não é uma ciência exata e cada família tem suas próprias características. Pais não devem se sentir culpados por não serem os melhores do mundo. Todos têm defeitos
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Esporte obrigatório: estimular o interesse pela atividade física não funciona por meio de regras. A criança pode não gostar. Pais devem ser um exemplo em vez de forçar a barra
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Registrar tudo: ter fotos e vídeos que mostram o desenvolvimento dos bebês é bacana, mas deve existir o cuidado com a exposição em demasia. A vida é mais legal ao vivo!
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Não é que todo o preparo ao longo da gestação se mostre inútil e sem efeito. Acontece que a experiência de criar uma criança nem sempre é tão simples como nos livros e filmes. Os pais precisam lidar com os próprios medos, frustrações e enganos, sem esquecer que aquela nova vida é de total responsabilidade deles.
É aí que os hábitos se transformam em uma válvula de escape para a cobrança a que os pais se sentem expostos. O problema é que os pequenos acabam sendo afetados, muitas vezes, de forma direta pela postura dos adultos, ainda que a intenção seja das melhores.
“Pais precisam tomar muito cuidado porque os filhos são como esponjas. Eles reproduzem o comportamento dos adultos, sem nenhum critério. Na fase adulta, podem precisar de ajuda profissional e terapia para trabalhar esse conflito com a própria identidade”, alerta Allessandra Ferreira, consultora comportamental. Segundo ela, os hábitos negativos dos pais acabam limitando o desenvolvimento dos filhos.
Equilíbrio
No que diz respeito à educação infantil, nenhum extremo pode ser considerado benéfico. Uma postura muito comum é a de pais que não se sentem capazes de impor limites aos filhos, pelo medo de frustrá-los ou chateá-los. A criança compreende que basta chorar e gritar para conseguir qualquer coisa dos adultos.
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Limites: essenciais para a criança
“Isso acaba estimulando um comportamento autoritário naquela criança. Os pais precisam superar a angústia ante ao sofrimento dos filhos e ensiná-los a serem fortes para lidar com as próprias dificuldades. Afinal, o mundo não satisfaz as vontades de ninguém o tempo todo”, pontua a psicóloga Priscila Tenenbaum.
Se por um lado a permissividade dos pais compromete o desenvolvimento dos filhos dessa maneira, críticas excessivas e falta de demonstrações de afeto também não funcionam bem. São hábitos igualmente negativos. Pais não precisam ser frios e distantes para educar as crianças com responsabilidade e limites.
De acordo com Priscila, o distanciamento emocional dos pais é uma das maiores causas de depressão entre crianças e adolescentes. É natural que os filhos tenham atitudes e vícios que precisam ser corrigidos pelos pais, com firmeza. Por outro lado, todo comportamento positivo deve ser elogiado e reconhecido para que a criança se sinta valorizada.
Abandonando hábitos
É normal que muitos pais demorem a ter consciência dos efeitos negativos do hábito. Nunca é tarde para tentar mudar, porém. O primeiro passo é reconhecer potencialidades e deficiências como pai e como mãe.
“O casal deve trabalhar o autoconhecimento e o autodesenvolvimento. Quanto mais eles se conhecem, fica mais fácil identificar os hábitos negativos. Eles também precisam entender os próprios limites, para não se sobrecarregar”, acredita Allessandra.
Buscar apoio de outras pessoas é uma alternativa. Mas atenção: amigos e familiares nem sempre são as melhores opções. Eles podem estimular e reforçar os vícios comportamentais que eles mesmos carregam. O caminho é buscar orientação profissional, como coachs parentais ou psicólogos, e interagir com outros adultos que estejam passando pelo mesmo com os filhos. Esse contato ajuda a identificar o que pode ser considerado natural da fase das crianças ou não.
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