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Giovanna Tavares


Ansiedade infantil excessiva não é normal e pode evoluir para problemas mais graves na vida adulta. Saiba como identificar o comportamento e ajudar seu filho a controlar esse sentimento

Se a criança reclama de dores de cabeça e febre antes de compromissos importantes, como uma prova ou um passeio com a escola, ou sente muita dificuldade em se separar dos pais e cuidadores, um sinal de alerta deve começar a piscar. Esses sintomas, que não são comuns na infância, podem indicar que ela sofre de ansiedade infantil. E isso pode ocorrer a qualquer tempo, sem limite de idade.


Quanto mais cedo os pais identificarem esse desvio comportamental dos pequenos, menor será a chance da condição avançar para problemas mais sérios de relacionamento e mais eficiente será o tratamento terapêutico, se necessário.


Além dos sintomas físicos, como dor de barriga, febre emocional, insônia, falta de ar, entre outros, a criança ansiosa tende a ficar mais introspectiva e a apresentar problemas escolares, como notas baixas e dificuldade de concentração. É a partir daí que a ansiedade infantil torna-se preocupante, quando impede que os pequenos realizem as atividades normais do cotidiano.


“A reação mais comum quando estamos em uma condição que nos gera ansiedade é ficarmos esquivos, evitando contato com o que é ameaçador. Um dos desdobramentos é que essa postura pode privar a criança e o adolescente do contato com situações e pessoas, e esse isolamento impede a interação social e demais atividades prazerosas que estimulam o desenvolvimento global do ser humano”, observa Marília Zampieri, psicóloga e terapeuta comportamental.


Por isso, caso não seja trabalhado, esse sentimento pode acarretar - e agravar - uma série de problemas que irão se manifestar na fase adulta, podendo evoluir até para um quadro de depressão, devido à dificuldade para lidar com situações que ocasionam a ansiedade.


Espelho dos pais


A estudante Magda Souza percebeu que a filha Maria, seis anos, sofria alterações de humor e de comportamento antes de viagens e compromissos importantes. “Na primeira vez que ela foi para a praia, teve febre de 39 graus”, lembra a mãe. Maria começou a ficar de mau humor com mais frequência, e mais agitada também. Foi nesse estágio que amigos da família aconselharam Magda a procurar um psicólogo infantil.


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“A médica me disse que, pelo fato do pai dela ser muito ansioso, poderia ser algo genético, por isso ela fica tão alterada com frequência”, explica Magda. Uma das maneiras que a mãe encontrou para lidar com o comportamento da filha é manter tudo em segredo e fazer surpresas para a pequena. “Se eu conto antes, ela fica muito agitada, fazendo perguntas”, diz.


Muito dos comportamentos repetidos pelas crianças têm origem nos próprios pais e nas suas estratégias para lidar com situações problemáticas em casa. Se o pai costuma perder o controle na frente do filho com frequência ou justifica suas dificuldades com transtornos de comportamento, como síndrome do pânico, é provável que a criança adote aquela postura para si, repetindo as ações do adulto e desenvolvendo um comportamento ansioso.


Uma educação mais repressiva, autoritária e exigente também pode desencadear a ansiedade infantil, já que a criança passa a ter consciência de que suas atitudes – e possíveis erros – serão consideradas insuficientes e inadequadas pelos pais.


“Eles são modelos de comportamento para os pequenos, por isso, a melhor maneira de lidar com a ansiedade é evitar expô-los a situações de estresse e nervosismo. Existem adultos que reforçam essa conduta nos filhos, ou seja, eles ganham benefícios em se queixar, em vez de ajudar a criança a lidar de um jeito melhor com as próprias dificuldades”, alerta Letícia Guedes, psicóloga comportamental.


Compreensão


As situações mais comuns que podem desencadear a ansiedade infantil são brigas e discussões entre os pais, divórcio, problemas financeiros, agressão verbal ou física e até abuso sexual. Nesse aspecto, o apoio dos adultos é fundamental para que as crianças consigam superar o próprio nervosismo.


“Os pais devem, primeiramente, acolher o sofrimento do seu filho. Outra forma de ajudar é dar exemplos de maneiras para lidar com as situações que geram ansiedade, e não tratá-la como algo negativo e patológico, o que pode assustar a criança. Estas duas atitudes contribuem para que ela sinta compreensão por sua dificuldade, bem como todo o suporte familiar para seguir em frente e superar o problema”, aconselha Marília.


O trabalho de prevenção deve acontecer logo que os pais identificarem a ansiedade infantil para que o acompanhamento por especialistas envolva um trabalho terapêutico, sem a necessidade de medicamentos ou procedimentos mais agressivos. Um erro é acreditar que todo o trabalho deve ser realizado pelo terapeuta ou psicólogo, sem a observação dos pais.


“Os responsáveis pela criança precisam fazer toda uma mobilização do ambiente familiar para que ela passe a se comportar de maneira adequada, se sentindo acolhida e segura, além de acompanhar o tratamento terapêutico”, reforça Letícia Guedes. Ajudá-la a compreender o mundo e suas dificuldades com mais simplicidade, paciência é carinho é decisivo para trabalhar a ansiedade de um jeito mais assertivo.


Veja dicas práticas para ajudar seu filho a lidar com a ansiedade no dia a dia:


Não crie expectativas

Se perceber que a criança não dorme direito no dia anterior a uma viagem, evite falar com antecedência sobre compromissos futuros.


Não minimize o sofrimento da criança

Se seu filho sofre com situações que ainda não se concretizaram, como uma prova na semana seguinte, procure conversar e explicar que tudo tem seu tempo e não há necessidade de se preocupar antecipadamente. Não desqualifique os sentimentos da criança.


Escute-a e converse sobre suas angústias

Ignorar o problema não o fará desaparecer. Sente e converse com seu filho em um ambiente calmo e livre de cobranças. Procure entender o que causa a ansiedade e explique que ele terá sempre o apoio da família para enfrentar essa e outras situações que possam incomodá-lo.


Evite expor a criança a brigas e discussões de família

Não coloque a ansiedade de seu filho como um problema que deva ser discutido em público e nem brigue com ele por causa disso. Compreensão é o melhor caminho. Lembre-se que a criança ainda não é capaz de controlar a ansiedade sozinha.


Crie uma rotina em casa

Ter uma rotina diária traz segurança para as crianças. É importante que seu filho se sinta seguro e amparado para conseguir lidar com adversidades e sentimentos confusos.


Não seja muito exigente

Nunca esqueça que a criança precisa de ajuda para lidar com algumas situações do dia a dia. E o sentimento de ansiedade é uma delas. Entenda que a ajuda de um adulto é imprescindível para que o problema possa ser superado com tranquilidade.


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Fonte: Seu filho é ansioso demais?»

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