Giovanna Tavares
Rico em vitaminas e nutrientes, o alimento pode estragar se não for armazenado corretamente e comprometer a saúde do bebê
A amamentação é um dos momentos mais íntimos e importantes da maternidade. Além de reforçar vínculos afetivos entre mãe e bebê, o leite materno fornece todos os nutrientes e anticorpos que os pequenos precisam para ter um desenvolvimento forte e saudável.
Com o fim da licença maternidade e o retorno das atividades cotidianas, pode ficar mais complicado a logística de amamentar o filho, mas a mãe não deve parar de oferecer o alimento para a criança. A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam que o aleitamento materno exclusivo continue até pelo menos o sexto mês de vida do bebê e que siga, em regime não exclusivo, até que a criança tenha dois anos.
Para conseguir cumprir essa recomendação, uma saída é fazer a retirada do leite em horários específicos ao longo do dia e armazená-lo corretamente para que o bebê possa ser alimentado por outras pessoas, mesmo que a mãe não esteja em casa.
“Ela vai se sentir mais segura se souber que, ainda que precise comparecer a um evento ou reunião inadiável, o filho será alimentado com leite materno. A ordenha manual também estimula uma maior produção de leite pelo corpo. E quanto mais, melhor”, afirma Danielle Aparecida da Silva, coordenadora de processamento e qualidade da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano.
É importante informar, ressalta Danielle, que a mulher sempre deve tirar o leite que sobra nas mamas depois que a criança já se alimentou e está satisfeita. “A mastite, uma inflamação nas glândulas mamárias, pode surgir por conta do leite que fica acumulado no peito e que o bebê não aguenta tomar”, ressalta a especialista.
Calma e concentração
Para começar a ordenha, tanto as mãos como as mamas devem estar limpas para poder manipular o leite sem qualquer risco de contaminação. Depois, é só escolher o método mais confortável. Existem dois processos: a ordenha manual, em que a mãe faz movimentos circulares nas mamas para que o leite saia com mais facilidade, e a por meio de bombas elétricas.
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A escolha varia de mãe para mãe, embora exista o consenso de que as bombinhas são mais eficazes e rápidas do que a retirada manual. “A mãe só precisa ir a algum lugar tranquilo e tirar o leite. Não importa o método escolhido, mas é preciso lembrar que se a mãe optar pelas bombinhas deverá carregar a bateria, por exemplo. Não pode esquecer”, pontua Danielle.
Tranquilidade e paciência, aliás, são fundamentais nas primeiras tentativas. “No início da ordenha, a quantidade de leite que sai é pouca ou quase nada. Isso é normal. A mãe não deve desistir. Basta manter os movimentos ritmados e relaxar que logo o leite sairá em grande volume”, explica Clery Bernardi Gallaci, neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana.
A quantidade depende também do organismo da mulher, que pode estar num ritmo de produção maior ou menor, de acordo com os estímulos recebidos ao longo do dia e com o número de vezes que o bebê costuma mamar. Algumas mulheres podem produzir 400 ml de leite em uma semana, enquanto outras produzem o mesmo volume diariamente.
O ideal é que a extração ocorra depois da mamada, quando a fome do bebê tiver sido saciada e restar um leite mais “grosso”. A saída do líquido acontece em três etapas: primeiro, o bebê suga uma parte mais aquosa, seguida pela parte com os nutrientes e, por fim, a parte gordurosa, que será extraída depois.
“Se mesmo assim ela tiver dificuldades ou não conseguir extrair, o ideal é que busque o banco de leite mais próximo e converse com os profissionais de lá. Eles poderão oferecer algum tipo de ajuda ou aconselhamento”, afirma Danielle Aparecida da Silva.
Cuidados para armazenar
O leite que está dentro da mama fica protegido de qualquer ameaça externa, como bactérias, fungos ou outros micro-organismos. A partir do momento que ele é retirado do seu “habitat” natural, é essencial que seja transferido para um recipiente esterilizado e armazenado corretamente. Do contrário, é muito fácil que estrague e provoque algum tipo de mal-estar no bebê, como infecções, diarreia, febre, entre outros problemas de saúde.
Potes de vidro com a tampa plástica são a melhor opção para colocar o leite. Antes, porém, eles devem ser esterilizados corretamente, ou seja, fervidos por cerca de 15 minutos e colocados para secar em temperatura ambiente.
Depois de colocar o leite nos potinhos, a mãe pode decidir por congelá-los ou deixá-los na geladeira. No congelador, o alimento tem validade de até 15 dias – na geladeira, o tempo é bem menor, apenas 12 horas. Por isso, se a próxima mamada do bebê superar esse período de tempo, é melhor que o leite seja congelado para evitar contaminação.
Para descongelar, o ideal é que os vidros sejam colocados em banho-maria, com o cuidado de não atingir o ponto de fervura. No micro-ondas, nem pensar. “O banho-maria proporciona um controle melhor da temperatura do leite, que não pode ferver. Se isso acontece, ele perde todas as propriedades naturais e os fatores de proteção”, explica Danielle.
Se o bebê não aguentar tomar todo o leite recém-descongelado, não guarde o que ficar sobrando na mamadeira. O líquido não pode ser congelado novamente em nenhuma hipótese. Para minimizar o desperdício, as especialistas aconselham que as mães evitem congelar grandes quantidades, como vidros de 500 ml. Em vez disso, armazene o leite em vários recipientes pequenos e utilize mais de um, se for necessário.
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Fonte: Como tirar e armazenar o leite materno em casa»
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