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Como salvar seu casamento
Os carinhos deram lugar a brigas, o beijo na boca migrou para a testa e vocês já não dormem de conchinha? CLAUDIA oferece as ferramentas para salvar sua história de amor.

No século 21, a crise dos sete anos aparece mais cedo, após 36 meses de casamento, segundo uma pesquisa que ouviu 2 mil pessoas casadas no Reino Unido. O estudo, supervisionado pela escritora inglesa Judi James, especialista em relacionamentos, foi encomendado pelo estúdio Warner Brothers para promover o lançamento da comédia Passe Livre, em cartaz no Brasil. No filme, dois amigos entediados com a vida de ca sado ganham das esposas uma semana de total liberdade. A saída apontada pelos entrevistados britânicos para tentar desatar os nós da relação desgastada foi investir em projetos solo. Pode até ajudar, mas não basta. “Salvar um casamento exige entrega, compromisso e dedicação. Ambos devem ter focos de interesse individual para se tornarem atraentes para o outro, claro. Mas também precisam investir na vida a dois, com gestos de atenção, carinho, respeito e erotismo”, diz a terapeuta de casal Lana Harari. Para a sexóloga Ana Canosa, os sinais de que a relação não anda bem são claros, porém, muitas vezes, fingimos que não os vemos. As rachaduras na intimidade se manifestam pelo distanciamento sexual, pelo excesso de críticas ácidas – disparadas na hora errada – e pelo baú de mágoas que o diálogo não esvazia. “Quando a comunicação se perde, a conversa vira motivo para cobrar e desmerecer o outro ou é substituída pelo silêncio”, afirma. Mesmo com infiltrações diversas, o casamento ainda pode ter conserto se a base amorosa for resistente, avalia Lana. “Desistir de tentar faz a separação vir acompanhada de frustração e culpa.” Antes que a casa caia, identifique os sinais de alerta e prepare-se para uma boa reforma a dois.

Falta de manutenção na cama

Sexo frio é sinal de acomodação e excesso de afazeres, diz Ana Canosa. É natural que, com os anos e a chegada dos filhos, a energia sexual fique abafada. “Isso incomoda, pois o casal preserva a memória de quando o sexo era divertido e espontâneo.” O afastamento na cama demonstra falta de afetividade. Quando o romantismo se perde, o sexo se torna mecânico. “Os homens tendem a não cultivar o romance, não presenteiam nem elogiam e só se aproximam para transar, não porque querem prazer a dois”, diz Lana. A frustração vai se repetindo e acaba com a autoestima.



OBRA À VISTA

Tome cuidado para não prolongar os intervalos de abstinência sexual. “Quebre a rotina, programe uma viagem, crie situações eróticas. Não é necessário realizar todas as fantasias do outro, mas tente adaptar a excitação à realidade emocional do dia a dia”, sugere Ana.

Brigas fora de hora

Conflitos mal resolvidos acabam em brigas públicas. Com dificuldade de solucionar pendências amigavelmente, tudo termina em crítica. “É uma chatice. Para aquele que martela, não toca outro disco, e para quem é martelado e tem a intimidade exposta”, diz Ana. É preciso entender o motivo da exposição. “Aquele que critica está se sentindo menosprezado e resolve desmerecer o par como defesa. Outras vezes, o que se pretende é mostrar que aquela pessoa não é tão boa na intimidade como se mostra no social.”



OBRA À VISTA

Não caia na armadilha de lavar roupa suja fora de casa. Se seu parceiro cair, seja qual for a motivação dele, não retruque: converse mais tarde, a sós. É difícil, mas espere. Depois de algum tempo as marteladas perderão força. Outro conselho é serenidade para trocar as críticas por elogios, reforçando as qualidades de cada um.

Infiltrações naconvivência

As horas extras no escritório interessam mais do que o tempo que passam juntos? “É importante pensar no que irrita, cansa ou desanima: brigas, cobranças, tédio? Mas cuidado com uma típica confusão: a pessoa tende a depositar no parceiro toda a insatisfação, sem antes fazer uma reflexão da sua parte”, alerta Ana. “O descontentamento, muitas vezes, é pessoal, ligado a outras áreas da vida.”

OBRA À VISTA

Quando não identificamos o que nos inquieta, pôr a culpa no casamento é uma saída fácil. E passamos a associá-lo a tudo de pior. “Reveja o projeto do casal. Tente descobrir o que mudou do início para cá. Proponha alternativas para o que está por vir”, diz Ana.

Mau contato

Ele fica evidente quando o casal deixa, por exemplo, de dormir de conchinha. Em alguns casos, o motivo é banal, como o fato de o marido roncar feito um trombone. Mas pode ser também um ato reflexo para evitar uma indesejável transa. Muitos homens, depois de tantas recusas, não procuram mais o contato físico com receio da rejeição.



OBRA À VISTA

“O trabalho é resgatar o toque sem motivação sexual para que ambos se acostumem de novo com a proximidade e o carinho”, afirma Ana Canosa. Os gestos de afeto, lembra Lana, devem estar presentes em todas as situações, não só na hora H. “Mantenha momentos a dois, faça planos e cultive as boas lembranças”, diz.

Diálogo em curto-circuito

A boa comunicação é a caixa de força de uma relação; isso todas nós estamos cansadas de saber. Se o casal, porém, esquece de trocar a fiação e o assunto passa a ser a conta que não foi paga ou quem vai buscar o filho na escola, é sinal de que o diálogo entrou em curto. Daí em diante o bate-papo dá lugar a despachos burocráticos ou ao silêncio. Nada mais triste do que observar um casal que não troca uma só palavra num restaurante. “Quando não se fala de sentimentos, cada um formula suas hipóteses, cria fantasias sobre as sensações e as ideias do outro. Dessa forma, não trilham o mesmo caminho e chega o momento em que não se reconhecem mais”, afirma Ana. O silêncio pode ainda ser uma maneira de tentar desmerecer o parceiro. “A mensagem implícita é: ‘o que você pensa não me diz respeito, não me interessa’.” As falhas na comunicação também se manifestam por meio de pequenos choques elétricos. São as velhas faíscas do desentendimento. “Um interrompe o outro, contamina o que está sendo dito com lembranças do passado, não faz uma escolha cuidadosa das palavras. Os dois acabam se ferindo”, diz Lana Harari.



OBRA À VISTA

Para a relação não ficar no escuro, troque as lâmpadas. Comece conversas corriqueiras sobre cenas engraçadas da rotina, questões de trabalho ou notícias que provoquem a interação com o outro. O tom deve ser positivo, bem-humorado, evitando acusações. Frases como “você nunca faz o que eu peço” ou “você sempre me decepciona” são ofensivas e colocam o par na defensiva.

Rachaduras na vida social

É ótimo manter a individualidade. O problema é quando não existe vida social que legitime a história do casal. Segundo Ana Canosa, não dá para ser casado e viver como solteiro, pois esses papéis logo vão entrar em choque. “Uma vida social sem o outro reflete falta de vontade de estar comprometido ou falta de maturidade para tal. É uma tentativa de manter o compromisso da relação e, ao mesmo tempo, a liberdade. Isso só dá certo se ambos estiverem totalmente de acordo”, pondera. Permitir que o marido reserve um espaço para os amigos, no entanto, é uma atitude positiva. “Não é necessário fazer tudo junto e pode ser que determinados grupos não agradem a ambos. Mas é importante ter a boa vontade de conhecer as pessoas e de participar de suas conversas de vez em quando. A iniciativa demonstra interesse pela vida do parceiro”, diz Ana.



OBRA À VISTA

Para se reconectar com o parceiro, faça uma viagem – sem os filhos – e invista em atividades que sejam apreciadas por ambos. “É produtivo ir além dos muros do casamento, fazer outras coisas que tragam novidades para dentro de casa”, sugere Ana. Vale a pena buscar cursos, atividades esportivas e reuniões com amigos.

Falta de acabamento

Carinhos, presentes, elogios e declarações de amor são como objetos de decoração em uma casa. Sem eles, por mais que a arquitetura esteja refeita, as paredes pintadas e os consertos realizados, sempre fica faltando aquele toque final. Quando o assunto é relacionamento amoroso, o vaso Ming é o beijo. Está escrito até mesmo no Kama Sutra, a bíblia hindu do erotismo. O beijo é uma demonstração de afeto e de cumplicidade e tem papel importantíssimo no estreitamento de uma relação. “Alguns acham bobagem, coisa para os namorados, mas estão redondamente enganados. Beijar na boca revela intimidade e pode acender o desejo sexual. Falar ‘eu te amo’, por sua vez, é reforçar a autoestima do outro e mostrar bem-querer”, diz Ana.

 OBRA À VISTA

Não tenha medo de demonstrar admiração, carinho, cuidado, reconhecimento e gratidão pelo parceiro. Decore seu casamento com amor, afeto e, acima de tudo, respeito. A manutenção da intimidade requer pequenos e constantes reparos, que vão desde um simpático bom-dia até um boa-noite caloroso. “É possível reconstruir sempre”, diz Ana. Mas, acredite, investir todo dia nas telhas e argamassas da gentileza, da sinceridade e da generosidade sai muito mais em conta. E o esforço compensa.

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