São duas as missões existenciais prioritárias: autoconhecimento e aceitação. Delas dependem não somente as nossas chances de felicidade, passando pela elevação do nosso nível de consciência, mas também as nossas chances de contribuirmos com a felicidade das outras pessoas com as quais convivemos. |
Relações de causa e efeito afetam todas as áreas da nossa vida, e elas não são simples. Não é que para cada causa haja um efeito e vice-versa. Múltiplas causas podem determinar um único efeito e uma única causa pode implicar em milhares de efeitos.
A vida não é tão simples como as equações de Física que aprendemos para o vestibular. Na vida, todas as coisas estão ocorrendo ao mesmo tempo e não podemos desconsiderar o efeito de todas as forças atuantes para “simplificar o cálculo”. Afetamos a tudo e por tudo somos, de alguma forma, afetados.
Diante dos desafios de autoconhecimento e aceitação, o mais difícil envolve enfrentar o inevitável.
Há decisões inevitáveis, atitudes inevitáveis, problemas inevitáveis e perdas inevitáveis.
Sem que haja redundância, é preciso lembrar que algumas coisas são inevitáveis porque não podemos evitá-las, ou seja, nossos esforços não podem mudá-las, não temos nenhum controle sobre elas.
Por isso, o conhecimento da prece da serenidade é de tamanha importância. Sua origem é atribuída ao teólogo Reinhold Niebuhr (1892 – 1971) e enunciava:
“Senhor, concedei-nos a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar; a coragem para modificar aquelas que podemos; e a sabedoria para distinguirmos umas das outras.”
“Senhor, concedei-nos a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar; a coragem para modificar aquelas que podemos; e a sabedoria para distinguirmos umas das outras.”
Há coisas sobre as quais temos controle (podemos agir diretamente), outras sobre as quais temos influência (podemos agir indiretamente) e outras sobre as quais não temos nem controle, nem influência: para com estas é necessário exercer a aceitação.
A aceitação é um estado de resignação interior frente ao inevitável, e só será plena quando excluirmos de dentro de nós qualquer possibilidade de revolta.
Diante de situações inevitáveis, talvez seja impossível evitar a tristeza, mas é possível evitar a mágoa. Talvez não possamos evitar a indignação, mas podemos evitar o ódio e o revide.
A prece da serenidade nos convida à ação consciente e aceitação consciente, compreendendo que nos casos em não podemos mudar as circunstâncias da vida, ainda assim, podemos mudar nossa maneira de reagir a elas.
A dor de perdas tão tristes como estas dos acidentes aéreos que temos presenciado é inevitável. A todos nós, nestas situações, resta a aceitação e a resignação, duas forças gigantes da alma.
Na vida, o único caminho é para frente. E nestes momentos, é preciso muita força, coragem e apoio.
Diante do inevitável, se você crê em Deus, não atribua a Ele a responsabilidade pelo ocorrido. A responsabilidade é sempre da humanidade. Nós colocamos em ação a lei de causa e efeito muitas vezes sem compreender de onde vêm as causas e, tantas outras, sem saber quais serão os efeitos. Seres humanos também erram por irresponsabilidade e negligência.
Se você crê em Deus, não abale sua fé diante do inevitável enfrentamento dos fatos sobre os quais não tem nenhum controle ou influência. Busque forças para não focar indefinidamente nas perdas. Agradeça pelo tempo e oportunidade que lhe foram concedidas antes da separação. Não foque os momentos que não terá mais, preencha a memória, tanto quanto possível, de gratidão pelos momentos vividos.
A morte é inevitável e sempre traz uma “desculpa” (o modo pelo qual a vida se encerra). As razões por trás desta despedida dependem de uma extensa rede de relacionamentos e interrelacionamentos, de causas e efeitos colocados em movimento. A nós, resta o desafio de buscar o autoconhecimento para chegarmos ao nível de consciência necessário para a aceitação e resignação diante daquilo que não podemos evitar.
Se você não crê em Deus, igualmente não se torne amargo pelo confronto com as situações inexoráveis da condição humana; aceite e siga, ainda há muito por fazer, descobrir e compreender.
O autoconhecimento e a aceitação são duas missões existenciais prioritárias que cada um de nós, independentemente de suas crenças e valores, precisa realizar, progressivamente, para encontrar o equilíbrio na vida.
O autoconhecimento e a aceitação são duas missões existenciais prioritárias que cada um de nós, independentemente de suas crenças e valores, precisa realizar, progressivamente, para encontrar o equilíbrio na vida.
Que a nossa humildade e capacidade de amar nos direcionem sempre rumo ao autoconhecimento e a aceitação necessária ao desafio de viver e encontrar momentos e situações inevitáveis pelo caminho. A tarefa está longe de ser fácil, mas é, também, inevitável.
Escolha ser forte e adquira condições de reagir com paz e resignação em todas as situações da vida, afinal esta é a única maneira de seguir pelo único caminho que possuímos: para frente.
Siga!
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