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Enviado anonimamente


Nesses dias de calor, muitas vezes tenho vontade de dormir descoberta, mas nunca o faço. Mesmo que eu esteja nua, um lençol sempre me cobre e, se teimo em não me cobrir porque está muito quente, logo fico desconfortável e, de certa forma, me sinto desprotegida. 

Dia desses, tentando investigar as causas desse desconforto e insegurança tolos – afinal de contas, moro em uma área quase que absolutamente segura da cidade -, a imagem da minha avó surgiu e me lembrei de quantas vezes, quando eu era criança, ela instava que eu me cobrisse, dizendo que deus não protegia as meninas que dormiam só de calcinha. Então, era assim: com lençol, protegida por deus; sem lençol, exposta ao capeta. 

Pronto, achei minha resposta. E, ao mesmo tempo, me lembrei do quanto o corpo de alguém do sexo feminino é alvo dos olhares e das censuras em qualquer idade. Lembrei-me de que parei de andar só de calcinha aos cinco anos de idade. Havia alguma coisa de muito errada em mostrar os peitos – peitos, ao cinco anos de idade!!! E era bom também vestir shorts, porque ali, no meio das minhas pernas, tinha uma coisa que precisava ficar bem escondida. Por isso, colocar as pernas para cima ao sentar era motivo de repreensão sempre. 

Penso, hoje, que essa nossa sociedade é mesmo muito doente nessa objetificação do corpo feminino. Me consideram mulher desde sempre (desde os cinco anos de idade!!!) – figura que atiça os desejos incontroláveis dos machos e que por isso deve ser coberta por muitos véus. Mas, assim como as burcas dos muçulmanas, as calcinhas, shorts, saias, vestidos, camisetinhas das meninas ocidentais não as protegem, bem sabemos - também aos cinco anos sofri meu primeiro abuso. 

Por quê? Porque não ensinaram o menino mais velho da minha escola a respeitar o corpo das meninas; pelo contrário, devem tê-lo instigado a devassá-lo, como costuma acontecer. Porque me ensinaram a me cobrir e a sentir vergonha, mas não me ensinaram que meu corpo é meu e ninguém tem o direito de tocar nele sem meu consentimento.

Fico pensando nos pais e mães de filhos e filhas pequenas. Essa é a grande responsabilidade de vocês: ensinar seus filhos a respeitarem o próprio corpo e o corpo dos outros; sem a culpa cristã do desejo, saber lidar de forma saudável com a sexualidade infantil, ao mesmo tempo em que tenta protegê-la das garras oleosas dos adultos e das crianças corrompidas por estes.

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